quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Inteligência e afetividade




A inteligência e afetividade no indivíduo são aspectos intimamente ligados e indissociáveis para a estrutura cognitiva.
A afetividade é a base para o fortalecimento do conhecimento e a interação social, no que se refere ao afetivo integra-se ao que é inteligência.
            Seremos indivíduos supostamente felizes se houver uma junção entre afeto e inteligência nas relações em que está presente o processo de aprendizagem.
Lembro-me antigamente ter ouvido de um professor acadêmico a seguinte frase, da qual nunca mais esqueci e a qual passei a questionar: “Toda a aprendizagem é dolorosa”... Concluo essa frase explicando que ela só é dolorosa se não houver a parte afetiva bem resolvida entre educador e educando.
            Ressaltando que as questões afetivas relacionadas à aprendizagem, que não são resolvidas, interferem no conhecimento e não formam pessoas capazes de conviver com o mundo que os cerca.
            O educador tem o compromisso de dar ao educando a credibilidade, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas e principalmente possibilitar a construção do conhecimento.
            Sem afeto não haverá interesse, necessidade, motivação, entusiasmo, criatividade, auto-estima e, conseqüentemente, não haverá inteligência.
            Poderíamos dizer que a afetividade representa a fonte energética que mobiliza a inteligência, ou como destacou Jean Piaget ”A afetividade move a ação”.
            Todo o conhecimento é uma construção, uma interação com o meio e com o outro.
            A partir do momento em que o educador passa a compreender claramente o quanto a afetividade interfere no conhecimento do educando e que este é um “todo”, os problemas que ocorrem na aprendizagem serão resolvidos sem traumas.
            Quando o educador respeita a individualidade do educando e trata-o com compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve a capacidade de procurar dentro de si mesmo as respostas para seus problemas, tornando-o responsável e agente do seu próprio processo de conhecimento.
            O afeto tem a função de transformar a convivência com o outro e construtiva para ambos.
            Destaco um parágrafo de Humberto Maturana quando ele fala de emoções e sentimento... ”O amor é a emoção que constituí o domínio de ações em que nossas interações recorrentes com o outro fazem do outro um legítimo outro na convivência. As interações recorrentes no amor ampliam e estabilizam a convivência; as interações recorrentes na agressão interferem e rompem a convivência”
         A afetividade favorece vínculos e possibilita o desenvolvimento cognitivo, psicológico e social.
“A afetividade é a gasolina do carro, ela move, mas não faz o carro andar se não houver motor” (Piaget).
            É necessário esse entendimento de Piaget, para que possamos entender que a afetividade está operando constantemente no funcionamento cognitivo e não será possível educar sem esse entendimento.
            O educador tem que estar preparado para atuar em todas as questões afetivas que interferem no rendimento escolar e também ser um sujeito afetivo para que a aprendizagem aconteça.
            Da mesma forma deve estar apto a lidar com diferentes realidades sociais e psicológicas que o nosso atual contexto social apresenta dentro das instituições escolares.
            Tendo ele o papel de educador e sujeito, tem como função desencadear  todo o processo de formação , valores e atitudes  nos educandos, através de um processo de ensino-aprendizagem.
            É importante que o educador tenha o discernimento e que entenda que cada fase, seja ela infância ou adolescência, tem seus  próprios estágios ,  desafios e limitações, mas nada melhor que o afeto para mudar certas barreiras que interferem  na aprendizagem.
            Sejamos mais compreensivos nesses devaneios da vida, para que possamos compreender o outro como ele é e não como gostaríamos que fosse.
            A verdadeira educação deve vir pelo afeto e não pela comparação, competitividade e negação do outro.
 A afetividade estará sempre presente na relação interpessoal e na comunicação com o outro.
“... A aceitação do outro como um legítimo outro não é um sentimento, é um modo de atuar”... (Humberto Maturana)
            Aceitarmos o outro como ele é, é a nossa atuação perante o contexto escolar e é através disso que teremos a possibilidade de conhecer a essência que cada educando traz consigo.
            Compreender as inquietudes é nossa maior missão e entender que estas não podem ser separadas das afetivas é o nosso maior desafio.
            Os educadores devem partir do pressuposto que para haver o equilíbrio nas relações afetivas, precisa-se de reciprocidade e é através dessa maneira de agir e pensar que podemos propiciar aos educando um conhecimento íntegro.
            Não temos na educação o papel de medir a inteligência de cada um, mas a tarefa de ajudar a descobrir e estimular competências individuais.
            Quando reconhecermos que a inteligência se desenvolve através da afetividade e interação com o meio social, será muito mais provável que possamos desenvolver e apoiar iniciativas que efetivamente aproveitem melhor as mentes das pessoas.

            Enfim, concluo esse tema com a seguinte frase, a qual admiro:

  ...”Para ensinarmos um aluno a inventar precisamos mostrar-lhe que ele já possui a capacidade de descobrir”. (Gaston Bachelard).


Saura S.

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