A inteligência e afetividade no
indivíduo são aspectos intimamente ligados e indissociáveis para a estrutura
cognitiva.
A afetividade é a base para o
fortalecimento do conhecimento e a interação social, no que se refere ao
afetivo integra-se ao que é inteligência.
Seremos
indivíduos supostamente felizes se houver uma junção entre afeto e inteligência
nas relações em que está presente o processo de aprendizagem.
Lembro-me antigamente ter ouvido de um professor
acadêmico a seguinte frase, da qual nunca mais esqueci e a qual passei a questionar:
“Toda a aprendizagem é dolorosa”... Concluo essa frase explicando que ela só é
dolorosa se não houver a parte afetiva bem resolvida entre educador e educando.
Ressaltando
que as questões afetivas relacionadas à aprendizagem, que não são resolvidas, interferem
no conhecimento e não formam pessoas capazes de conviver com o mundo que os
cerca.
O
educador tem o compromisso de dar ao educando a credibilidade, valorizar
sugestões, observar, acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar
acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas e principalmente possibilitar
a construção do conhecimento.
Sem
afeto não haverá interesse, necessidade, motivação, entusiasmo, criatividade,
auto-estima e, conseqüentemente, não haverá inteligência.
Poderíamos
dizer que a afetividade representa a fonte energética que mobiliza a
inteligência, ou como destacou Jean Piaget ”A afetividade move a ação”.
Todo o conhecimento é uma construção,
uma interação com o meio e com o outro.
A partir
do momento em que o educador passa a compreender claramente o quanto a
afetividade interfere no conhecimento do educando e que este é um “todo”, os
problemas que ocorrem na aprendizagem serão resolvidos sem traumas.
Quando
o educador respeita a individualidade do educando e trata-o com compreensão e
ajuda construtiva, ele desenvolve a capacidade de procurar dentro de si mesmo
as respostas para seus problemas, tornando-o responsável e agente do seu
próprio processo de conhecimento.
O
afeto tem a função de transformar a convivência com o outro e construtiva para
ambos.
Destaco
um parágrafo de Humberto Maturana quando ele fala de emoções e sentimento... ”O
amor é a emoção que constituí o domínio de ações em que nossas interações
recorrentes com o outro fazem do outro um legítimo outro na convivência. As
interações recorrentes no amor ampliam e estabilizam a convivência; as
interações recorrentes na agressão interferem e rompem a convivência”
A afetividade favorece vínculos e
possibilita o desenvolvimento cognitivo, psicológico e social.
“A afetividade é a gasolina do carro, ela move, mas
não faz o carro andar se não houver motor” (Piaget).
É
necessário esse entendimento de Piaget, para que possamos entender que a
afetividade está operando constantemente no funcionamento cognitivo e não será
possível educar sem esse entendimento.
O
educador tem que estar preparado para atuar em todas as questões afetivas que
interferem no rendimento escolar e também ser um sujeito afetivo para que a
aprendizagem aconteça.
Da
mesma forma deve estar apto a lidar com diferentes realidades sociais e
psicológicas que o nosso atual contexto social apresenta dentro das
instituições escolares.
Tendo
ele o papel de educador e sujeito, tem como função desencadear todo o processo de formação , valores e
atitudes nos educandos, através de um processo
de ensino-aprendizagem.
É
importante que o educador tenha o discernimento e que entenda que cada fase,
seja ela infância ou adolescência, tem seus próprios estágios , desafios e limitações, mas nada melhor que o
afeto para mudar certas barreiras que interferem na aprendizagem.
Sejamos
mais compreensivos nesses devaneios da vida, para que possamos compreender o
outro como ele é e não como gostaríamos que fosse.
A
verdadeira educação deve vir pelo afeto e não pela comparação, competitividade e
negação do outro.
A afetividade estará
sempre presente na relação interpessoal e na comunicação com o outro.
“... A aceitação do outro como um legítimo outro não é
um sentimento, é um modo de atuar”... (Humberto Maturana)
Aceitarmos
o outro como ele é, é a nossa atuação perante o contexto escolar e é através
disso que teremos a possibilidade de conhecer a essência que cada educando traz
consigo.
Compreender
as inquietudes é nossa maior missão e entender que estas não podem ser
separadas das afetivas é o nosso maior desafio.
Os educadores devem partir do
pressuposto que para haver o equilíbrio nas relações afetivas, precisa-se de
reciprocidade e é através dessa maneira de agir e pensar que podemos propiciar
aos educando um conhecimento íntegro.
Não
temos na educação o papel de medir a inteligência de cada um, mas a tarefa de ajudar
a descobrir e estimular competências individuais.
Quando
reconhecermos que a inteligência se desenvolve através da afetividade e
interação com o meio social, será muito mais provável que possamos desenvolver e
apoiar iniciativas que efetivamente aproveitem melhor as mentes das pessoas.
Enfim,
concluo esse tema com a seguinte frase, a qual admiro:
...”Para ensinarmos um aluno a inventar
precisamos mostrar-lhe que ele já possui a capacidade de descobrir”. (Gaston
Bachelard).
Saura S.